Peço-te, se não te for grande incômodo que me indiques onde te escondes. Procurei-te
no pequeno Campo de Março, no Circo Máximo, nas livrarias, no templo do Supremo
Júpiter, interpelei até, caro amigo, as quengas que fazem ponto no Pórtico de
Pompeu, e nenhuma deu sinal de te ter visto, até quando eu bradei: "Suas decaídas,
digam onde está Camério!" E uma delas, fazendo graça, disse-me: " Vem cá, vem vê-lo
aqui, escondido entre minhas róseas maminhas!"
Procurar-te tem sido para mim como um dos trabalhos de Hércules,, até se eu tivesse
o corpo de um guardião dos Cretenses, ainda assim não conseguiria alcançar-te se te
escondes com tanta altivez,amigo. Diz-nos onde estás.
Se estiveres cativo de um níveo seio, conta-nos, por que se não o fizeres, perderás
todos os frutos de teu amor, já que Venus Verbosa, sabes bem, se nutre de
bisbilhotices e mexericos.
Se queres manter tua língua pregada ao pálato, ao menos deixe que eu compartilhe os
segredos de teus amores