Colonia, que te queres divertir sobre esta ponte tão longa
e frágil e te dispões a sobre ela dançar,esta ponte que vacila
sobre tuas inseguras pernas, fazem temer que caias de costas
no pântano profundo embaixo. Faço votos que, em seu lugar
se construa uma ponte sólida, sobre a qual até os Sálicos
possam seus ritos sagrados celebrar. Mas antes, Colonia,
faz-me um favor que muito me divertirá. Quero que um meu
vizinho caia de tua ponte na lama e que nela ele se atole
dos pés à cabeça, ali onde ela seja mais infecta e verdosa.,
onde o lodo é mais profundo. Este vizinho meu é um toleirão,
com menos senso que uma marmota de dois meses, dormindo
no colo do pai. Ele é casado com uma jovem na flor da idade,
mais delicada que uma cabritinha e cuja guarda reclama de mais
cuidados que os que se tem coma mais negra das uvas, mas, e aí, ele
a deixa à solta, por sua própria conta, dela não cuida mais
do que de um pêlo de sua barba e, deitado a seu lado,
não sai do seu lugar. Como uma árvore que jaz numa fossa,
abatido pelo machado do Lígure, assim é ele, tão insensível
aos encantos da esposa como se ela ali não estivesse, nosso
malandro nada vê, nada ouve, nem mesmo sabe de que sexo
é ou se este existe ou não. Eis o homem que proponho
lançar de ponta-cabeça de tua ponte, para abalar, se possível,
seu torpor de embrutecido, como a mula deixa no barro
pegajoso ficar grudada sua ferradura.