Meu amigo Varo me tendo visto ocioso no Foro, levou-me à casa do objeto de seus
amores, - sua jovem amásia que, logo à primeira vista, me pareceu não desprovida de
encanto e graça.
Assim que entramos, a conversa recaiu sobre diversos assuntos, entre os quais a
Bitínia: - Que país é esse, qual sua atual situação? Minha viagem tinha sido
lucrativa?
- Respondi que lá, na verdade, nem os pretores, nem suas cortes, podiam ser menos
mal-cheirosas, sobretudo uma que tinha à frente um debochado pretor que dava a seu
Ofício menos atenção que a um pêlo de sua barba.
- No entanto, fala a jovem, são da Bitínia os mais famosos portadores(*)e me
contaram que conseguiste bons para carregarem tua liteira.
- Eu, para deixar passar a gafe da menina e me dedicar a ver seus lindos olhos,
disse: o destino não foi tão mau naquela miserável província de meu destino que eu
não pudesse conseguir ao menos oito robustos portadores para carregarem minha
liteira. (Ora, na verdade eu não tinha nem mesmo um, nem aqui nem lá, que fosse
capaz de sustentar sobre seus ombros sequer o pé quebrado de um velho catre.)
Ao que a menina, com a ousadia própria das de seu ofício, disse: - Por favor,
Catulo, podes emprestá-los para que me levem ao templo de Serapis.
- Um momento, disse eu a ela, não sei como pude dizer que eram meus, os portadores.
Eram de Caio Cinna, meu companheiro de viagem, que os trouxe com ele. Que fossem
dele ou meus, que me importava? Mas, deixa-me dizer-te que és bem tola e
constrangedora para mim, por não permitires às pessoas sequer a menor distração.
(*) A menina confunde pretores (juízes) com portadores (carregadores de liteiras)